Neorrealismo
Movimento literário que, assentando num compromisso político-social, uniu, na década de 40, uma geração de que fizeram parte, entre outros, Alves Redol, Manuel da Fonseca, Afonso Ribeiro, Joaquim Namorado, Mário Dionísio, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, Mário Braga, Soeiro Pereira Gomes ou Carlos de Oliveira, e que tendo como contexto histórico-social uma crise económica, a implantação dos sistemas totalitários (inclusivamente o português), a guerra civil espanhola e o início da Segunda Guerra Mundial, encontrou como elemento aglutinador determinante para a definição dos seus objectivos, em publicações como Seara Nova, Sol Nascente ou O Diabo, a polémica com os intelectuais da revista Presença, fechados, segundo os neo-realistas, num egotismo e esteticismos estéreis. Formado no pensamento marxista, defendendo as concepções do materialismo dialéctico e rejeitando a concepção inócua do socialismo utópico de que fora imbuído o romance realista oitocentista, o neo-realismo colhe no romance norte-americano de Steinbeck, Caldwell ou Hemingway, e no romance brasileiro nordestino, os modelos para uma literatura de denúncia social e de intenção pedagógica, marcada pelo forte anseio de atingir uma transformação histórica que resultaria da consciencialização de um destinatário que deveria incluir proletariado e campesinato.
A literatura neorrealista teve no Brasil e em Portugal motivações semelhantes, resgatando valores do realismo e naturalismo do fim do século XIX com forte influência domodernismo, marxismo e da psicanálise freudiana.
O determinismo social e psicológico do naturalismo é mantido, assim como a analogia entre o homem e o bicho (vide Angústia - Filme, de 1936), a busca pela objetividade e neutralidade como formas de dar credibilidade à narração.
Entretanto, se no naturalismo as mazelas da sociedade eram expostas pelos romancistas com algum pessimismo, sem perspectiva de solução a não ser o resgate ao passado A Ilustre Casa de Ramires, os