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De onde elas vêm? Das melhores cabeças, mas sobretudo dos melhores ecossistemas de inovação
Por Edição Robson Viturino com Álvaro Oppermann
Se fosse possível filmar o nascimento de uma ideia, as imagens que teríamos seriam, provavelmente, tão extraordinárias como as da fecundação de um óvulo. Num balé de movimentos estonteantes, os neurônios no cérebro combinam-se em rede com outros neurônios – num ritmo veloz, de até 200 vezes por segundo – em sincronia perfeita, em configurações inauditas. Porém, a dúvida persiste: o que leva os neurônios a se combinarem, criando algo novo? Enfim, como nascem as boas ideias? Steven Johnson, um prolífico escritor de ciências, passou cinco anos investigando o tema. O surgimento das ideias, diz ele, costuma seguir um padrão. A boa ideia surge como um “lento matutar” (um slow hunch, no original, em inglês). Passa em seguida por um período de incubação. Na maioria dos casos, contudo, o palpite (“hunch”) individual não é suficiente, e a colaboração, ou combinação de vários palpites, é crucial para se chegar à invenção (ou solução) definitiva.
Essa premissa, que dá o pontapé inicial ao novo livro de Johnson, Where Good Ideas Come from (“De onde vêm as boas ideias”, inédito em português), não é lá tão original. Mas as suas consequências o são. Pois Johnson, se não chega a resolver satisfatoriamente o enigma da origem das ideias, propõe, em contrapartida, uma história natural da inovação. O caso do gênio solitário é uma exceção. Willis Carrier inventou sozinho o ar-condicionado, em 1902, quando uma gráfica do Brooklyn, em Nova York, pediu-lhe uma solução para a umidade nas suas oficinas. A regra, porém, é a da invenção coletiva. “O plástico, a máquina de escrever e a lâmpada: todos foram criados por redes de pesquisadores”, diz o autor.
Se a colaboração é tão importante para o surgimento das boas ideias, o entorno – o ambiente humano – é crucial ao jogo da inovação. Tão crucial quanto