negocios
O ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO PÕE EM XEQUE O FUTURO DA SEGUNDA CERVEJARIA DO PAÍS
A operação que, no dia 15 de junho, resultou na prisão por dez dias dos donos da Schincariol -- os irmãos Adriano e Alexandre Schincariol, o tio Gilberto e seus filhos Gilberto Júnior e José Augusto -- vai entrar para a história dos negócios no Brasil. Batizada de Operação Cevada, foi a maior ação já empreendida pela Polícia Federal e pela Receita Federal para desbaratar um suposto esquema de sonegação fiscal. Nunca se viu no país a prisão de tantos empresários e executivos relacionados com uma empresa de abrangência nacional como a Schincariol -- a segunda maior marca de cerveja brasileira, com vendas de 2,5 bilhões de reais em 2004. A operação -- polêmica, devido a seus contornos midiáticos -- arrastou para a cadeia outras 65 pessoas entre diretores, fornecedores e distribuidores da marca, além de policiais e fiscais, acusados de manter um esquema complexo de burla ao Fisco que teria somado 1 bilhão de reais nos últimos quatro anos. As suspeitas incluem evasão de divisas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Os advogados da Schincariol afirmam que a ação pecou por truculência. "As prisões expuseram esses diretores e funcionários à execração pública sem nenhuma prova efetiva de culpa", diz Antonio Mariz de Oliveira, advogado da cervejaria.
Ainda não se pode precisar as seqüelas da crise. A grande pergunta que se faz hoje é o que, afinal, vai sobrar da Schincariol. É possível que uma empresa se reerga após um escândalo dessa proporção? Como recuperar a imagem de um negócio cujos donos aparecem algemados na TV e nas primeiras páginas dos jornais? A resposta depende da conclusão das investigações. Se o crime for comprovado, dificilmente a Schincariol continuará a operar com sua configuração atual. Primeiro, porque boa parte de sua vantagem competitiva desapareceria. Segundo, porque seria improvável que seus controladores tivessem