Negociação sindical
Angela Maria Carneiro Araújo Daniela Maria Cartoni Carolina Raquel D. Mello Justo
Introdução
O processo de modernização e reestruturação na indústria e no setor bancário brasileiros teve início no final dos anos 70, intensificou-se em meados dos 80 e acelerou-se bastante nos anos 90, alterando profundamente as características do trabalho. Assim, ao longo das duas últimas décadas, assistimos a um processo de mudanças sucessivas no interior das empresas e bancos que se referem tanto à adoção de inovações tecnológicas e organizacionais, em graus variados de profundidade e extensão, quanto à percepção e reação dos atores envolvidos. A reestruturação da indústria e do sistema bancário brasileiros, nos anos 80, ocorreu em um contexto de crise econômica, marcado pela recessão e pelo crescimento do desemprego, e ao mesmo tempo de redemocratização política e fortalecimento do movimento sindical no país, na contramão das tendências de enfraquecimento e crise do sindicalismo internacional. Ao longo do processo de redemocratização política, sob a pressão da mobilização de base e da intensificação da luta grevista, o funcionamento e o papel dos sindicatos oficiais foram alterados, com a progressiva liberalização do controle do Estado sobre a sua atividade e
a substituição do “peleguismo” por lideranças mais atuantes. Neste contexto, as greves e a prática da negociação coletiva foram os principais instrumentos de reconstrução do movimento sindical, bem como de redefinição das relações de trabalho no país. Através delas os sindicatos conquistaram seu reconhecimento como interlocutores legítimos junto ao empresariado e ao Estado, além de espaço político na sociedade. Nos anos 90, a adoção de políticas de corte neoliberal,1 que promoveram a abertura comercial e a internacionalização da economia, aprofundou o processo de introdução de inovações tecnológicas e de novos métodos de gestão da força de trabalho.