Narrativa
A cidade de Sertãozinho, embora ainda de tamanho modesto, já apresentava algumas comodidades que desenvolvimento econômico traz, lá havia algumas indústrias e um shopping, por exemplo. Elementos bastante diferentes do que a memória da Guerra e do que se imagina quando se ouve a palavra Sertão, que é dor, tristeza, fome e miséria. Como a intenção do livro "O Sertão vai virar mar" de Moacir Scliar é fazer uma leitura da obra de Euclides da Cunha, "Os Sertões" - que narra os fatos sobre a Guerra de Canudos - as histórias da Guerra e de "Sertãozinho", na narrativa, são cronologicamente paralelas. Na verdade, os eventos narrados na imaginária cidade de "Sertãozinho" são um meio didático de se interpretar as razões, os acontecimentos e as conseqüências da Guerra de Canudos. Em razão disso, entre outros aspectos, a história tem início em uma típica escola privada da classe média.
Nela as personagens centrais Gui, que é o narrador, Martinha, Queco, Gê, Cíntia e Zé, colegas da escola, receberam a tarefa de fazer um debate sobre "Os Sertões". Esse debate fora motivado pela importância da obra, pelo fato de "Sertãozinho" estar próxima à antiga Canudos e, sobretudo, porque surgira na cidade um pregador chamado Jesuíno, que estava reunindo, principalmente a população pobre, a sua volta. É como se a história de Canudos de alguma forma retornasse. Esse retorno trazia enormes preocupações para todos de "Sertãozinho", já que o fim de Canudos fora trágico. O debate sobre "Os Sertões" seria feito através de um "júri simulado", que é uma técnica pedagógica que consiste em se escolher um tema que é debatido por