Na prática a teoria é outra?
Valeria Forti
Yolanda Guerra *
A formação e a intervenção profissionais do assistente social estão marcadas pelos inúmeros dilemas da contemporaneidade, e isso evidencia o nível de complexidade que marca o Serviço Social e a conseqüente necessidade de competência dos seus profissionais para enfrentá-la. Diferentemente de exigências restritas ao padrão técnico-instrumental, o que o assistente social enfrenta nas duas esferas da vida profissional requerem ações abalizadas, intelectualmente responsáveis e fecundas, analíticas e críticas, capazes de lhe proporcionar compreensão suficiente para uma ação efetiva e qualificada na realidade social. Para isso, é imprescindível compreensão substancial da economia – da atual crise do capitalismo –, da cultura, da política, dos movimentos sociais, das instituições jurídico-políticas, das organizações sociais e da dinâmica das relações grupais e interpessoais. Ou seja, é imprescindível uma compreensão da realidade social que viabilize uma atuação profissional responsável e conseqüente. Daí por que é necessária uma visão dos processos sociais como totalidades que se compõem de vários aspectos e âmbitos e que apresentam diferentes níveis de complexidade. Todavia, a leitura do real com essa amplitude supõe teorias macroscópicas sobre a sociedade, que possibilitem a apreensão tanto dos elementos estruturais quanto dos conjunturais, das peculiaridades de seus nexos com a totalidade, das relações entre os vários elementos que compõem a realidade em que estamos inseridos e na qual pretendemos atuar profissionalmente. Mais ainda, faz-se necessária uma teoria que nos permita perceber como os principais dilemas contemporâneos se traduzem nas peculiaridades do Serviço Social e se expressam nas requisições e competências socioprofissionais e na cultura profissional. Aqui subjaz a premissa de que a complexidade da realidade exige profissionais do Serviço Social que não pretendam apenas responder de