Mística
Atividade espiritual que visa a comunhão da alma com a divindade. Mística deriva do termo grego mystikós, relativo aos mistérios. Estes eram religiões herméticas, somente reveladas aos iniciados, que deviam fazer voto de guardar total silêncio a seu respeito. Na Grécia antiga, conhece-se os mistérios de Elêusis e de Dioniso como seus principais representantes. O adjetivo mystikós deriva do verbo mýo, que significa fechar; mais especificamente, fechar os olhos, porta de entrada do mundo sensível, para que se torne possível o acesso a uma experiência de ordem anímica ou espiritual; e fechar a boca, para que esta não procure falar disso que, em sua essência, manifesta-se como indizível.
Em sentido amplo, podemos considerar a mística como a irrupção do absoluto dentro da vida humana. Esta irrupção é vivenciada como o resgate de uma unidade originária entre o fundamento e aquilo que é fundado. Este resgate se apresenta, pois, ao modo de um retorno. Neste sentido genérico, podemos dizer que a mística está presente, como experiência, em todas as religiões, no Ocidente bem como no Oriente, em uma inumerável gama de manifestações. O misticismo é o modo religioso de o homem buscar se religar à unidade do deus. Perseguiremos aqui somente algumas de suas vertentes, que se constituem em relação direta com a filosofia ocidental. Para a filosofia neoplatônica, a mística é a atividade que conduz ao contato direto entre a alma individual e seu fundamento divino. Este contato possui o caráter de participação da alma em Deus. Para isso, é preciso deixar de lado a realidade sensível, uma vez que Deus é intelecto puro, sendo a alma, de caráter inteligível, a única via de acesso a Ele.
A mística neoplatônica influenciou marcadamente o pensamento de vários filósofos e teólogos da Idade Média, de modo a que se constituísse, assim, uma mística cristã medieval. A mística é trabalhada pelos pensadores alexandrinos, em especial Orígenes e São Clemente, em relação à história