Mística no MST
MÍSTICA NO MST: A ARTE CÊNICA COMO PRÁXIS PARA MANTER E FORTALECER A LUTA POLÍTICA DOS(AS) SEM TERRA
Rita de Cássia Curvelo da Silva1 Vantiere dos Santos Silva2
RESUMO
Esta produção textual constitui uma síntese construída a partir de dados coletados sobre tradições da cultura popular no litoral sul da Bahia, durante pesquisa documental que objetiva a identificação de manifestações artísticas de povos tradicionais e comunidades populares, devido à relativa escassez de informações concernentes a essas práticas. Fundamenta-se em diversificados autores, estudiosos de processos históricos, sociológicos e antropológicos referentes à cultura do povo, este entendido como indivíduos e coletividades pertencentes às classes subalternas da população. Aborda a mística, do grego mystikós e do latim mysticu, e diz respeito a mistério, algo que não é imediatamente acessível aos sentidos, inexplicável, mas compreensível, pois pode ser ao menos parcialmente revelado. Na acepção religiosa, é a vivência de uma profunda espiritualidade e relaciona-se a celebração. No MST, que de certa forma incorpora esse significado religioso, a mística é um ato cultural em que há uma manifestação coletiva de sentimentos, uma encenação montada enquanto prática social para representação das lutas e esperanças, da ideologia e dos ideais dos(as) trabalhadores(as) rurais Sem Terra. Esse ato se concretiza com a utilização de materiais e símbolos diversos – circunstanciais, como a cruz, ou permanentes, como a bandeira –, que mostram a identidade do Movimento e representam suas lutas. A mística, percebida com uma atividade importante no trabalho de organização popular, se origina no MST da necessidade de vincular o aspecto físico material do(a) Sem Terra com as características espirituais, ideais, tratados de forma unificada. Por isso, o Movimento definiu que essa forma de “encenação” deve ser praticada em todas as ocasiões e em cada uma de suas atividades