MURA
Os Mura ocupam vastas áreas no complexo hídrico dos rios Madeira, Amazonas e Purus. Vivem tanto em Terras Indígenas, quanto nos centros urbanos regionais, como Manaus, Autazes e Borba. Desde as primeiras notícias do século XVII são descritos como um povo navegante, de ampla mobilidade territorial e exímio conhecimento dos caminhos por entre igarapés, furos, ilhas e lagos. Em seu longo histórico de contato, sofreram diversos estigmas, massacres e perdas demográficas, linguísticas e culturais. Originariamente falantes de uma língua isolada, os Mura passaram a utilizar o Nheengatú (Língua Geral Amazônica) no intercâmbio com brancos, negros e demais populações indígenas. No século XX, o português se tornou a principal língua utilizada. No presente, a despeito das mudanças históricas, os Mura realizam diversos esforços para serem plenamente reconhecidos enquanto povo diferenciado.
Imagem 1 no anexo: INDIO MURA USANDO DE PARICÁ
1.2 – NOME
Falantes da língua portuguesa, os Mura conjugam a miscigenação e a territorialidade em suas formas atuais de autodenominação. Questionado sobre local do nascimento ou sobre a identidade indígena, os Mura comumente respondem: “sou caboclo legítimo do rio Madeira”. Por “caboclo legítimo” buscam esclarecer a condição particular do grupo étnico: afirma a determinação política de ser Mura a despeito das mudanças históricas. Ocorre, assim, a apropriação de um termo regional, “caboclo”, normalmente utilizado com desprezo pelos regionais para definir o índio “impuro”, “aculturado”. Positivado pelos índios, o termo “caboclo” passa a identificar o que é ser Mura hoje: índio misturado, cuja genealogia é o resultado da incorporação de nordestinos, maranhenses, peruanos e não-índios em geral, que passaram a compor a etnia através de casamentos, a maioria das vezes, com mulheres mura. Por “caboclo” o Mura alude ao componente biológico, o sangue indígena, ainda que misturado; por “legítimo” sinaliza o pertencimento a uma