Mulheres

Mulheres trabalham mais do que homens, mas as convencemos do contrário

A violência de gênero não é situação de uma determinada classe social e nível de escolaridade. E não se manifesta apenas através de violência doméstica, mas possui mecanismos mais sutis, como manter as mulheres trabalhando mais e não reconhecer essa diferença. E, pior, subvertendo o discurso em favor dos homens.
O homem é programado, normalmente, desde pequeno, para que seja agressivo. Raramente a ele é dado o direito que considere normal oferecer carinho e afeto para outra pessoa em público. Ou cuidar de bebês e da casa. Manifestar sentimentos é coisa de menina. Ou, pior, é coisa de “gay''. De quem está fora do seu papel. Papel que é reafirmado diariamente: dos comerciais de produtos de limpeza em que só aparecem mulheres sorrindo diante do novo desentupidor de privadas até os comerciais de cerveja, onde os homens se divertem. “Ah, mas o mundo é assim”, não! Nós que os tornamos diferente!
Hoje, bater em, como os agressores dizem: “vadia'' e “bicha'', pode. Assim como em índio e “mendigo''. E, na maioria das vezes, a culpa recai sobre a própria vítima. Afinal de contas, os agressores têm uma linha de pensamento de “quem são eles para não se encaixarem? Quem são eles para acharem que podem ser melhores do que eu, sendo diferentes do que aprendemos como o “certo''?”
As pessoas envolvidas em casos de violência contra mulheres colocam em prática o que devem ter ouvido a vida inteira: quem não se enquadra em um padrão moral que nos foi empurrado -o masculino, heterossexual e cristão- é a corja da sociedade e age para corromper o modo de vida. Seres que ameaçam com sua liberdade, que não se encaixam nos padrões estabelecidos “pelos homens de bem”. Sim, quando uma mulher não pode escolher como se vestir sem medo de ser importunada, ofendida ou violentada toda a sociedade tem uma parcela de culpa. Pelo que fez e pelo que deixou de fazer.

Muitas mulheres enfrentam jornadas triplas; trabalham,