moral e ética
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Moral e ética
O objetivo deste capítulo é o de apresentar conceitos que sejam úteis para o empreendimento psicológico de compreensão das ações morais. Para tanto, apresentarei definições diferentes e complementares de duas palavras que têm cada vez mais freqüentado nossas conversas cotidianas: moral e ética. Peço, portanto, ao leitor, que faça o esforço de, momentaneamente, se despir das definições que ele habitualmente atribui aos dois vocábulos, e que aceite me seguir nos meandros de minha argumentação. Mas por que falar em argumentação, se se trata apenas de dar definições? Não seria mais simples tão-somente apresentá-las? Não, porque definir implica fabricar conceitos, e conceitos são criados para responder a perguntas. Acho que foi Edgard Morin que disse que o erro da educação (em todos os níveis) é o de ensinar as respostas que a filosofia e a ciência deram, sem deixar claro para os alunos quais eram as perguntas que as motivaram. Não quero aqui cair em erro parecido e me limitar a dar definições sem minimamente demonstrar em que medida são úteis, até necessárias, para tratar o tema deste livro, a saber: dimensões psicológicas da moralidade. Para tanto, comecemos por avaliar um problema central das abordagens psicológicas da moral (área chamada de psicologia moral): as relações entre razão e afetividade. Será justamente para tentar lançar luzes sobre tal relação que diferenciar moral e ética será, penso, profícuo.
RAZÃO E AFETIVIDADE
Seja qual for a formação de quem lê estas linhas, certamente não ficará espantado se eu lhe disser que o fenômeno da moralidade recebeu e recebe diferentes interpretações psicológicas. Haverá algum tópico sobre o qual esta-
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Yves de La Taille
rão de acordo psicólogos de diferentes abordagens teóricas? Certamente não, e esta espécie de diáspora conceitual que caracteriza a psicologia, e as chamadas ciências humanas em geral, é bem