Monopolista Mundial
Na segunda década deste século XXI, o Brasil entrou definitivamente na moda. Em meio a um mundo em que a crise dá o tom, a economia brasileira paira altaneira, apesar de suas não tão espetaculares taxas de crescimento, dizendo-se sobre ela, até mesmo, que estaria inventando uma nova forma, “mais criativa”, de garantir o sucesso econômico. Como entender o que está se passando? Estaria o país, depois de quase três décadas de estagnação e crescimento pífio, retomando uma trajetória sustentada de crescimento? Mas, mais importante, estaria nossa economia finalmente resgatando a autonomia e o poder soberano que chegou a vislumbrar em meados do século passado? Estaria então o governo tornando-se novamente “desenvolvimentista”?
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Do ponto de vista da economia política, para cujo approach, a História não só importa como é determinante, não é possível responder com propriedade a tais perguntas sem resgatar as diferentes fases pelas quais passou a economia brasileira desde seu início.
Esse resgate, porém, não é factual, tarefa tão impossível de realizar no exíguo espaço de um ensaio, quanto inadequada com relação ao approach que exige o dito resgate.
Trata-se, ao contrário, de um resgate que busque o sentido da inserção do Brasil no sistema mundial capitalista em cada um de seus momentos, com um debruçar mais demorado evidentemente nas etapas mais recentes.
Isto posto, é triplo o objetivo desta nota: 1) discutir o sentido da inserção da economia brasileira no movimento de acumulação capitalista em nível mundial em cada uma de sua fases; 2) indicar o papel do Estado nas etapas mais recentes desse processo; e 3) discutir a forma de inserção da economia brasileira no capitalismo financeirizado de hoje, bem como suas perspectivas. A tese que se buscará demonstrar é que, para além de algumas