Moises e o monoteismo freud
Moisés e o monoteísmo e a noção de “povo eleito”
Moses and monotheism and the notion of “chosen people”
Tova Sender*
Resumo: Um recorte em Moisés e o monoteísmo para refletir uma das razões citadas por Freud como origem do ódio aos judeus: a noção de “povo eleito”. A origem judaica de Freud e o contexto histórico no período da escrita do livro dão margem a perceber no texto sinais de um autor presente com as suas próprias questões pessoais. Com a ameaça do nazismo, Freud busca, em interpretações posteriores do texto bíblico, construir uma teoria psicanalítica para o antissemitismo. Palavras-chave: religião, verdade material, verdade histórica. Abstract: A piece of Moses and Monotheism to reflect one of the reasons quoted by Freud as the source of hate to Jews: the notion of “chosen people”. Freud’s jewish roots and the historical context by the time the book was written let us see in the text signs of an author with his own personal matters. With nazi threat, Freud seeks to build a Psychoanalytic theory to anti-Semitism. Keywords: religion, material truth, historical truth.
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Psicóloga, Mestre e Doutora em Letras pela UERJ, com Especialização em Teoria Psicanalítica pelo IBMR.
Cad. psicanál.-CpRJ, Rio de Janeiro, v. 33, n. 24, p. 119-127, 2011
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violênCia e seus destinos na psiCanálise
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Moisés e o monoteísmo (1939) é um texto que pode suscitar controvérsias quanto ao conteúdo referente à formação do povo judeu, seu caráter coletivo e sua desconfortável história de perseguição através dos séculos. No que tange ao conteúdo de abordagem psicanalítica, o objetivo do texto é bastante claro, enfocando a passagem do estágio sensorial ao estágio intelectual da humanidade, um processo previsível na instituição da civilização e da cultura. Indicar tal processo já se insinua como objetivo em Totem e tabu (1913) com a afirmação:
Ele expressa a satisfação pelo primitivo