Modernismo em Portugal - Introdução
O primeiro Modernismo português, o Orfismo, esteve associado à profunda instabilidade político-social da primeira República. Constituiu um conjunto de manifestações literárias que corresponderam aos modos de pensar a realidade de setores sociais mais inovadores e cosmopolitas das classes médias citadinas. O processo histórico subseqüente dessas forças sociais, que serviram de base política para a República, foi bastante ambíguo, coexistindo, ou às vezes se associando, às tendências conservadoras.
A jovem República (1910-1926) teve o Partido Republicano (o “Partido Democrático”, como ficou conhecido) como seu principal núcleo político. Foi um partido com várias tendências, mas com predominância de centro-esquerda. Na oposição, alinhavam-se blocos de curta duração de partidos conservadores.
As contínuas dissidências internas do Partido Democrático impossibilitaram-no de desenvolver um programa de governo até o fim. Os governos parlamentares sofriam grande oposição, tanto da esquerda quando da direita. A conseqüência dessa instabilidade foi a afirmação gradativa de tendências autoritárias antiparlamentares, afinadas às tendências políticas totalitárias que mergulhariam a Europa em duas Grandes Guerras.
As tensões sociais mais típicas desse período ocorreram entre a grande burguesia (associada ao capitalismo estrangeiro, ao clero e à Monarquia) e as classes médias citadinas, sobretudo de Lisboa e do Porto. O clero continuava a ter grande peso ideológico na vida do país, apesar das grandes restrições que lhe foram impostas pelos governos republicanos.
A República teve por base social, de acordo com Oliveira Marques (História de Portugal), o grupo das classes médias formados pelos “pequenos burgueses ocupados no comercio e na indústria, o médio e o pequeno funcionário publico, as médias e baixas patentes do exército e da marinha, a maioria dos estudantes universitários e alguns pequenos e médios proprietários rurais. Este grupo tinha o desejo de