Modernidade - baudelaire
1. Apresentação: modernidade de Baudelaire
No meio de uma multidão cada vez mais numerosa, entre carruagens em alta velocidade e em uma metrópole em eterna reconstrução, Charles Baudelaire sentia-se na obrigação de refletir sobre o espírito e a forma desses novos tempos, que ele sintetiza na palavra modernidade. Dedicou vários de seus ensaios a esse tema, além de retratá-lo na maioria de seus textos poéticos. Porém, é difícil considerar a modernidade como apenas um “tema” de Baudelaire. De alguma forma, as preocupações do seu mundo moderno são as mesmas do mundo de agora. Como bem aponta Habermas[1], não é possível falar de período pós-moderno da história: ainda vivemos sob o sistema capitalista e seus ideais burgueses defendidos durante a revolução francesa. Dessa forma, Baudelaire, tal como Hegel e Goethe, é um fundador da modernidade de hoje. Para quem ainda tem alguma dúvida, basta abrir uma janela em um prédio de São Paulo. Veremos a mesmas grandes avenidas, carros em alta velocidade e contrastes representados na obra de Baudelaire. A Paris do poeta, por seu lado, quase nada mudou. Conserva-se intacta e é idolatrada anualmente por milhões de turistas, como se fosse um totem da nossa era. Neste ensaio/ aula, eu vou me referir não apenas ao conceito de modernidade na obra de Baudelaire, mas também à modernidade da sua obra. Para isso, dividirei esta apresentação/ texto em três partes. Na primeira, tentarei identificar as principais definições da “modernidade” nos ensaios do poeta; na segunda, tentarei unir essas definições em uma visão unificada e, na terceira, identificarei manifestações dessa modernidade em dois poemas em prosa, “La chambre double” e “Les fenêtres”.
2. A modernidade nos escritos sobre a arte
A visão mais conhecida de modernidade em Baudelaire encontra-se no ensaio “Le peintre de la vie moderne”, dedicado ao pintor Constantin Guys: “La modernité, c’est le