mito e alfa
NUMA SOCIEDADE GRAFOCÊNTRICA Profª Ziléa Baptista Nespoli - PhD
Doutora em Educação – AWU - Iwoa
Mestre em Educação - UFF Profª Jonê Carla Baião
Mestre em Lingüística - UFRJ
Doutoranda em Estudos da Linguagem - PUC/RJ
Este artigo é fruto da pesquisa “Lendo e escrevendo o mundo: as relações de identidade e de poder nas práticas sociais da leitura e da escrita”, desenvolvida pelas autoras no Projeto Alfa-Mulher, da Universidade Castelo Branco, em 1998, cujo objetivo é a análise do que é ser mulher, ser analfabeta e ser moradora da zona oeste do município do Rio de Janeiro.
Introdução
A apreensão da psicogênese da alfabetização e a sua aplicação em sala de aula implicam uma mudança radical de ótica a respeito da aprendizagem, uma vez que, na psicogênese, se descobre que há uma forma específica de apropriação de conhecimentos que não coincide com a lógica da sistematização dos conteúdos, tal como aparece nas ciências já constituídas. Logo, em uma turma de alfabetização de adultos, as resistências geradas pelos temores de vivenciarem novamente um fracasso no seu intento de aprender a ler e escrever, a chacota dos outros pela ousadia de voltar a estudar depois de adultos fazem com que se tenha uma grande preocupação com a metodologia utilizada e as atividades propostas.
Piaget coloca muito bem que, quando alguém transmite um conhecimento a outra pessoa, ou este conhecimento permanece letra morta ou é compreendido. Se ele é compreendido, é porque foi reestruturado. Nesta reestruturação há sempre algo de inédito, de original, que leva algumas pessoas a pensarem que a aprendizagem se dá por si só, que é possível a autodescoberta.
As pessoas que não dominam a escrita defrontam-se com sérios obstáculos, sendo o mais grave de todos o estigma da exclusão. Na concepção de Paulo Freire, a função da escrita extrapola os limites