Mito fundador ii
“(...) o filósofo francês Maurice Merleau-Ponty comparou o aparecimento de novas ideias filosóficas - no caso, a ideia de subjetividade no pensamento moderno - e a descoberta da América... No período da conquista e colonização da América e do Brasil surgem os principais elementos para a construção de um mito fundador...” (P.36)
“Esses três componentes aparecem, nos séculos XVI e XVII, sob a forma das três operações divinas que, no mito fundador, respondem pelo Brasil: a obra de Deus, isto é, a Natureza, a palavra de Deus, isto é, a história, e a vontade de Deus, isto é, o Estado. (p. 37)
A sagrada escritura
“Do ponto de vista histórico, ou seja, econômico, social e político, sabemos por que se realizam as grandes navegações, as conquistas e a colonização(...)
(...)do ponto de vista simbólico, as grandes viagens são vistas como um alargamento das fronteiras do visível e um deslocamento das fronteiras do invisível para chegar a regiões que a tradição dizia impossíveis (como a dos antípodas) ou mortais (como a zona tórrida).
Os mapas do período inicial das navegações são cartografias do real e do fabuloso e as primeiras viagens não trazem apenas novas mercadorias e novos saberes (...)
Os escritos medievais consagraram um mito poderoso, as chamadas Ilhas Afortunadas ou
Ilhas Bem-aventuradas(...) (p.37)
Sobre as terras e as gentes do Brasil
“Quando lemos os diários de bordo e a correspondência dos navegantes, bem como a correspondência, os ensaios e os livros dos evangelizadores, particularmente dos franciscanos e jesuítas, percebemos que a palavra Oriente é um símbolo, ou seja, indica algo mais do que um lugar ou uma região, e nos damos conta de que este símbolo é bifronte.
(...)Oriente significa o reencontro com a origem perdida e o retorno a ela.
O que é o Paraíso Terrestre? Antes de tudo, o jardim perfeito: vegetação luxuriante e bela (flores e frutos perenes), feras dóceis e amigas (em profusão inigualável),