Brasil: Mito fundador
Em seu livro intitulado “Brasil – Mito fundador e Sociedade autoritária”, Marilena Chauí, no primeiro capítulo “Com fé e orgulho”, trata de uma representação homogênea que os brasileiros possuem do país e de si mesmos. Logo no início deste capítulo a autora aponta a forma como acontece a interiorização dessa representação desde os tempos de educação na instituição escolar.
Trata de como as crianças aprendem, por exemplo, desde cedo, na escola, os significados da bandeira Nacional – o que cada elemento desta bandeira simboliza etc. Se aprende também de que forma o povo brasileiro foi formado, isto no que consiste a histórica mistura das três raças- índios, negros e lusitanos. A autora então chama atenção para a representação de alguns elementos constituintes do povo brasileiro os quais não coincidem com a realidade dessa formação do país.
Como por exemplo, nesse caso, a autora aponta o fato de como se aprende que a história do Brasil foi escrita sem derramamento de sangue, com exceção do Mártir da Independência – Tiradentes. Para reforçar esse contraste do que é a realidade da história brasileira e o que há no imaginário da população brasileira, a autora chama atenção para uma estatística de duas pesquisas de opinião realizadas no ano de 1995. Nessas pesquisas constatou-se que 60% dos brasileiros afirmam sentir orgulho do seu país, e somente 4% afirmam sentir vergonha. Dentre os motivos de orgulho estão: o caráter do povo, as características do país, a natureza etc., orgulho também do brasileiro por ser trabalhador, divertido, sofredor etc.
A autora pretende com isso afirmar que há presença, no cotidiano dos brasileiros, de uma representação homogênea referente ao país e a si mesmo. Diante dessa representação é possível crer numa unidade desse povo, assim como na identidade e indivisibilidade do povo brasileiro e da nação. Além de permitir que se tenha uma imagem da divisão social e política do Brasil através de uma ótica de “amigos da nação” e