mito ciencia rito tecnica

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[Para o homem primitivo] (…) não há desejo que não seja desejo de algo. (…) o desejo põe o seu objecto como independente de si mesmo; o nosso sujeito primitivo deu (…) um passo na direcção da concepção de um outro e, portanto, na direcção de uma concepção de si mesmo como algo diferenciado desse outro. A sua «simplicidade absoluta» está à beira de se cindir. Contudo, a consciência não é ainda um agente: não possui qualquer concepção da sua própria natureza ou do valor do seu desejo primitivo. Permanece como escrava do apetite e do impulso. Este, grosseiramente, é o estado da consciência animal que explora o mundo puramente como objecto do apetite e que, não sendo nada para si mesma, é desprovida de uma vontade genuína. Neste estádio, o objecto do desejo é apenas concebido como uma falta, sendo que o próprio desejo destrói ou consome a coisa desejada. Segue-se um «momento» peculiar na consciência da subjectividade primitiva. Trata-se do momento da oposição. O mundo não se limita a não cooperar com as exigências do apetite: ele resiste-lhes activamente. A alteridade do meu mundo constitui-se ela própria como oposição. Parece remover o objecto do meu desejo, lutar por ele, procurando a minha destruição enquanto adversário. Nesta altura, o eu «encontrou a sua contraparte», seguindo-se daqui (…) a «luta de vida ou morte com o outro», na qual o eu começa a conhecer-se a si mesmo como vontade, como poder, confrontado com outras vontades e outros poderes. A completa autoconsciência não resulta disto pois a luta (…) surge do apetite, não trazendo qualquer concepção do valor daquilo que é desejado. Por isso, não cria a consciência do eu numa relação definida com o mundo, realizada por algumas coisas e negada por outras. (…) ela não gera o conceito do ser na sua liberdade. Pelo contrário, o resultado desta luta é o domínio de uma parte pela outra. O conflito é resolvido unicamente pela relação instável do Senhor e do escravo.[Para o homem primitivo] (…) não há desejo

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