Miguel Rio Branco e sua relação com a Cidade

Miguel Rio Branco x Cidade

A arte de Miguel Rio Branco sempre teve uma relação muito íntima e delicada com a cidade. Tomando a mesma como cenário para diferentes situações, Miguel sempre tenta retratar momentos que estejam relacionados ao sofrimento e ao sofrimento, de maneira até mesmo agressiva ou opressora. A cidade para ele também é um lugar onde a solidão se faz presente, tudo parece acontecer de maneira independente, um olhar sob um mundo egoísta, de certa forma. Neste local solitário é comum achar cenas de destruição e degradação que conversam diretamente com uma suposta revolta inerente à solidão, uma maneira de fuga por meio da violência tanto material quanto corporal. Além da relação direta com o conceito de cidade, Miguel também trata das marcas deixadas por ela, o que não deixa de ser uma resposta de nossas próprias ações. Em sua última exposição, "Gritos Surdos", fica explicita a ideia de cidade e suas correspondentes trocas com seus habitantes. Nela, ele questiona o caminho em que segue a comunicação e o que buscamos com ela. Para onde estamos mirando? Para quem estamos gritando? O conceito de "grito" é lançado a partir da ideia de uma forma de comunicação com o mundo, onde se é necessário gritar para ser ouvido, porém sendo ao mesmo tempo "surdo", porque em meio a tantos "gritos" mesmo que também grite, será apenas mais um e não será ouvido, não perfeitamente. Todo esse questionamento nos leva a uma imersão em toda sua "poesia visual", que causa uma série de sensações, em sua maioria desconfortáveis. Sensações potencializadas pelo ambiente, luz e som que te levam a um universo solitário e obscuro, onde não se ouve nem é ouvido. Dentro desse cenário, temos que a obra de Miguel costuma tocar diretamente em nossas feridas, mesmo que ainda não tão visíveis de uma sociedade patológica em potencial. Sua retratação é um olhar dramático e engajado para os caminhos que estamos trilhando. Além de todo seu diferencial temático e sua unidade na