Midia, poder e controle social
Valério C. Brittos
Édison Gastaldo
Introdução
E
ste artigo pretende analisar as ligações entre mídia, poder e controle social, relacionando a obra de Foucault, Marx, Gramsci e outros autores voltados à superação da realidade social, a partir da discussão do papel das mídias como agentes de controle social em três pontos particulares tomados como exemplo: a publicidade, o jornalismo e o discurso sobre o corpo feminino. Parte-se do pressuposto que, para além dos desencontros, é possível descobrir-se e trabalhar-se os encontros entre proposições e pensadores comprometidos com as ciências sociais críticas. Neste rumo, observa-se a mídia e suas tecnologias como os lugares por excelência condutores e provocadores da cristalização de uma sociedade marcada por relações de poder desiguais, atuando como dinamizadoras do controle social. De um lado, os meios de comunicação distribuem uma cultura (não raro já presente no mundo da vida, mas que é industrializada, o que pressupõe incorporada aos moldes capitalistas) que tende a reforçar os limites da sociedade de consumo, o que implica em condutas que atendem aos interesses do poder, já que marcadas por um controle social. De outro lado, as tecnologias midiáticas espalham-se pelos mais diversos espaços, passando a integrar a sociabilidade, vendendo posturas definidas como adequadas e confirmando lógicas que podem acabar sendo introjetadas pela subjetividade.
No desempenho dessas funções, a mídia conta com uma legitimidade forjada na própria engrenagem comunicacional capitalista, em que o receptor, tratado como consumidor, é parte desta máquina, encarado como um dos elos da cadeia, de onde produz sentido (que é, por sua vez, condicionado pelo disseminado po-
ALCEU - v.7 - n.13 - p. 121 a 133 - jul./dez. 2006
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der-controle). Apresenta-se todo o aparato midiático como o próprio poder, não só por seu papel social (ou a quem serve), mas porque assim é visto pela