Metáfora Cultural - Morgan
Análise Social, vol. XXIV (101-102), 1988 (2.°-3.°), 663-687
Maria Benedicta Monteiro
Maria Luísa Lima
Culturas organizacionais —uma metáfora à procura de teorias*
Como refere Morgan (1986), as teorias sobre as organizações, como outras teorias sobre outros objectos sociais, têm geralmente subjacentes metáforas. As organizações têm sido vistas metaforicamente ora como máquinas (lembremos os primeiros estudos no interior do paradigma da organização científica do trabalho), ora como organismos (metáfora subjacente às teorias sistémicas sobre as organizações), ora como cérebros (teorias da decisão e do processamento da informação aplicadas às organizações), etc. Uma das metáforas hoje emergentes sobre as organizações considera-as como culturas. Mais do que qualquer outra perspectiva de análise dos fenómenos organizacionais, esta última tem suscitado um interesse e uma difusão consideráveis, o que é de certo modo surpreendente.
Mas, se muitos dos trabalhos neste âmbito tomam a metáfora por realidade, outros têm sabido articular com êxito os conceitos de cultura e de organização, contribuindo para o entendimento da complexidade do quotidiano das organizações e para o seu redesenho com base em novos pressupostos e conferindo atenção a factores antes negligenciados.
Com base num estudo empírico sobre as culturas de uma empresa de serviços, o presente texto visa contribuir para o debate científico neste domínio, quer ao nível teórico, quer ao nível metodológico. Assim, começamos por discutir o conceito de cultura organizacional a partir de vertentes da sua apropriação psicossociológica. Em seguida apresentamos o percurso empírico seguido com vista à identificação das diferentes culturas organizacionais partilhadas pelos quadros da empresa estudada, bem como à determinação de um conjunto de variáveis organizacionais associadas às culturas diagnosticadas.
PERCURSO TEÓRICO
Como referimos, a nossa análise do conceito de cultura