Meninas da noite - gilberto dimenstein
Durante seis meses, Gilberto Dimenstein investigou a rota do tráfico de meninas na Amazônia, viajando pelo submundo da prostituição infantil.
As cidades visitadas foram: Belém, Imperatriz, Laranjal do
Jari, Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Cuiabá, Alta Floresta,
Itaituba, Cuiú-Cuiú.
A investigação sobre a violência e prostituição da criança na
Amazônia foi realizada entre 1991 e 1992.
A pesquisa e observação renderam uma série de reportagens sobre a prostituição de meninas consideradas escravas da região norte e nordeste do Brasil. As reportagens foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo, em 1992
Dimenstein realizou um trabalho amplo, que durou um ano entre planejamento, investigação e publicação das matérias.
Segundo Gilberto Dimenstein, um dos estímulos à prostituição é a própria família:
"A garota trabalha, em geral, de vendedora de chiclete ou bala. Mas é obrigada a levar uma determinada quantia para casa, sob pena de apanhar. Sem dinheiro, às vezes ela se entrega aos homens para voltar para casa com a quantia exigida. O furto é outra alternativa, porém mais arriscada.“
Outro modo é a promessa de emprego em outra cidade, como faxineira, cozinheira...
A promessa de brinquedos, como bonecas, também levou algumas das meninas para a rota sexual e escrava.
Maria Aparecida da Silva:
“Quando completou onze anos, ela queria ganhar uma boneca bonita. Não uma de pano ou de plástico. Um homem prometeu a boneca. Ela subiu na garupa de sua bicicleta. Ele disse que trocaria o sonho pela virgindade.
Abandonada, acabou numa creche. Nos primeiros dias, deprimida, chorava e repetia que queria morre. Hoje está melhor – conseguiu uma família e várias bonecas”.
Todas as meninas relatadas em nesta obra têm problemas com os familiares, algumas nem possuem pais ou familiares, não tendo ao menos onde morar.
As meninas tem que pagar por tudo