Memórias de um sargento de milícias: nem romantico nem realista
O presente trabalho propõe uma abordagem reflexiva do romance Memórias de um sargento de milícias de Manuel Antônio de Almeida, visando suas convergências e divergências em relação ao Romantismo, movimento literário vigente no período da segunda metade do século XVIII e primeira metade do século XIX. O romance de Almeida segue algumas características românticas, como a busca do passado, mas contrariando outras construções da escola supracitada, apresenta um cenário que não era o da aristocracia, mas sim da classe media e baixa do Rio de Janeiro, o que o aproxima de outra escola literária, o Realismo. Memórias de um sargento de milícias apresenta características tanto do Romantismo como do Realismo, portanto, pressupõe-se que a obra de Almeida não seja um romance romântico nem realista, e sim de transição entre essas duas escolas literárias. PALAVRAS-CHAVE: Memórias de um sargento de milícias, Romantismo, Realismo, Transição.
Considerações Iniciais
Manuel Antônio de Almeida nasceu no Rio de Janeiro em 1831, onde também morreu aos 30 anos em um trágico naufrágio. Formou-se em medicina, mas nunca exerceu a profissão. Dedicou-se aos romances, poemas e crônicas, além das criticas teatrais e das traduções, trabalhou como funcionário público e jornalista. Apesar de sua existência meteórica, escreveu uma obra que acabaria sendo sua única, porém singular na historia da literatura brasileira, obra prima intitulada Memórias de um sargento de milícias(1852-1853) publicado em folhetim e um ano depois em livros. Memórias de um sargento de milícias, inúmeras vezes é definido como um romance romântico, porém, o mesmo trais consigo características que convergem e divergem em relação à construção romântica da primeira metade do século XIX, o que caracteriza uma problemática, e justifica o interesse em fazer uma análise profunda do romance supracitado, objetivando estudar seu estilo.Há dois objetivos específicos que norteiam a produção deste trabalho, o primeiro é