Memória e psicologia
1884)1
Raphael Silva Nascimento2
Introdução
“Recuse-se a expressar uma emoção, e ela morre.”
William James (What is an Emotion?, 1884)
Resgates históricos também são formas de produzir conhecimento, e, num campo multifacetado como a psicologia, trazer um autor das raízes de sua árvore genealógica para ser visto à luz do que se tornou essa ciência é um exercício curioso e esclarecedor.
William James é um dos maiores nomes do seu século: considerado o pai da psicologia americana, criador do primeiro laboratório de psicologia experimental do continente, um dos responsáveis por incentivar a transformação da psicologia em uma ciência natural, escritor do maior tratado de psicologia do século XIX, filósofo fundador da corrente do pragmatismo, cientista renomado e eleito um dos maiores pensadores americanos de toda a história. Sua importância se mede não só pela relevância de suas teorias mesmo mais de um século após terem sido lançadas, mas também pelo desbravamento de um novo caminho para a filosofia, pelo zelo científico, o ineditismo e revolução de suas teorias e o impacto que causaram e ainda causam.
Sua teoria da emoção, mesmo depois de um revés histórico que a deixou obscurecida por décadas, volta a ter relevância na atualidade com as novas pesquisas sobre o cérebro que demonstram que muito do que James previa realmente estava muito próximo das teorias atuais. Inicialmente lançada em 1884, em seu artigo “What is an
Emotion?” sua teoria da emoção foi um dos textos que iniciou o pensamento científico moderno sobre o tema.
Dono de uma gigantesca bibliografia, mesmo um autor importante como James foi pouco traduzido em nossa língua. A maior parte dessas traduções em português são de seus textos de cunho filosófico e foram feitas entre a década de 40 e 70, havendo poucos textos psicológicos traduzidos. A importância de ler James na atualidade consiste não apenas em sanar