Memória e identidade social.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol 5, n. 10, 1992, p200-212.
Segundo Michael Pollak, o trabalho com a memória, é um elemento cognoscível bastante peculiar, uma vez que serve de objeto de estudo diverso e complexo. Pollak trabalha com a memória desenvolvida em torno das duas grandes guerras, estudando, inclusive, a disputa de memória ocorrente entre os dois casos. Nesse caso, é importante a análise psicanalítica da memória coletiva a partir do conceito jungiano de psique coletiva; uma mentalidade que transita entre o inconsciente, o subconsciente e o consciente e gera um pensamento de senso comum sobre determinados temas ou arquétipos, ou seja, cria-se uma imagem em torno das atrocidades cometidas em tempos de guerra e uma associação entre a idéia de guerra e tais atrocidades. Uma prova dessa psique coletiva está na constante confusão que se fazia na França em fins da década de 1940 e na década de 1950 entre episódios e expressões utilizadas na Primeira Guerra Mundial ou na Segunda Guerra Mundial. Essas disputas de memória, de espaço e de reconhecimento são muito fortes e capazes de alterar os caracteres sociais de um grupo, de um espaço. Por exemplo, em uma cidade viticultora francesa,como Bordeaux, por exemplo, a memória gerada em torno da Segunda Guerra, com as constantes invasões alemãs às casas dos produtorespode ter “encoberto”, por assim dizer, a memória desenvolvida durante a guerra de 1914-1918. O contrário também poderia ocorrer, por exemplo em Vichy, região conhecida pela articulação de um governo colaboracionista aos nazistas durante a guerra de 1939-1945, onde a vergonha em torno do passado da própria cidade pudesse levar a uma valorização da memória em torno da Primeira Guerra Mundial.
Ainda nesse contexto das guerras, é preciso compreender, que a memória é um fator constituinte da identidade cultural de uma determinada região, é um traço de identificação, como é destacado por