Memória e identidade social – Michael Pollak
(Resumo)
Este pequeno artigo tem como foco o problema entre memória e identidade social, no âmbito das histórias de vida e fatos históricos. Veremos que nem sempre a identidade social e a memória política andam sobre os mesmos trilhos. Veremos que a preocupação com os conceitos de identidade e da construção duradoura de uma identidade nacional é uma constante.
Em relação a memória, há o exercício de absorver em seus vestígios o que se pode relacionar com a memória política. Para Priori, por exemplo, a memória restringe-se a um fenômeno pessoal e individual. Em contra partida,
Halbwachs defende a ideia de que a memória também pode ser um fenômeno coletivo e social, construído sob aspectos coletivos e que estará sujeita a flutuações e mudanças constantes. Tanto no individual, quanto no coletivo. É válido lembrar que na maioria dos casos, há marcos imutáveis na memória.
Existem ainda os elementos que constituem a memória - individual ou coletiva: Acontecimentos, personagens e lugares. Esses três elementos podem estar relacionados a situações reais, ou podem tratar-se da projeção de outros eventos. Tomemos como exemplo a invasão da Normandia pelos alemães, no ano de 1940. Há relatos de pessoas jovens na época que se lembram dos soldados alemães com capacetes pontudos. No entanto, este tipo de capacete só fora usado por prussianos até meados de 1916, durante a Primeira Guerra
Mundial. Notamos com isso um fenômeno conhecido como transferência de memória. Uma memória vinda de seus pais que viveram a ocupação alemã de
Alsácia e Lorena na Primeira Guerra tornou-se intrínseca em seus subconscientes. Quando falamos do elemento constitutivo de memória relativo a personagens/pessoas, temos o exemplo de personagens públicas que ao darem entrevistas, suas vidas familiares/privadas, quase que desaparecem do relato. As reconstituições políticas da biografia e as datas públicas quase que se tornam privadas.