Memorial do Convento - Simbologia
Por um lado, temos o sonho do rei em construir uma basílica tão grande como a basílica de S. Pedro em Roma. É o sonho de um homem que, ironicamente, nada faz para a concretização material desse sonho pois, a única basílica que ele consegue edificar é uma miniatura. Para levantar a verdadeira basílica, ele precisará do esforço dos milhares de trabalhadores que não partilharão do sonho, ficando marginalizados da História, até que o autor os traz para a sua narrativa.
No extremo oposto, temos o sonho do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o sonho de voar, de ir mais além, ultrapassando os limites impostos pela condição humana. Ao contrário do sonho egocêntrico do rei, este é um sonho partilhado e possível, precisamente graças à união de esforços de Bartolomeu, Baltasar e Blimunda, ajudados por Scarlatti. No voo da passarola estarão os três, experimentando a aventura de voar que a sua união tornou possível. O sonho que a vontade coletiva concretizou.
Esta ideia central articula-se, então, com um conjunto de elementos simbólicos de que poderemos destacar: A TRINDADE (Bartolomeu-Baltasar-Blimunda) + Scarlatti
3, o número mágico, o número da trindade divina
4, o número da totalidade
“O padre veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por uma analogia, assim dissera o italiano, Deus ele próprio, Baltasar seu filho, Blimunda o Espírito Santo, e estavam os três no céu.”
Símbolos:
Duas construções opostas:
O convento: símbolo de prisão/privação/peso (construção realizada à custa do esforço humano) E a passarola: símbolo de liberdade/leveza/imaginação/sonho/ evasão (construção realizada à custa das vontades humanas)
O voo: metáfora e símbolo do sonho, da liberdade, da capacidade de