memorial do conventp
2438 palavras
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Padre Bartolomeu Lourenço de GusmãoO padre Bartolomeu, tem por alcunha “O Voador”, vive com a obsessão de “elevar-se um dia no ar, onde até agora só subiram Cristo, a Virgem e alguns santos eleitos", daí o seu projecto da “passarola”, apoiado por el-rei D. João V, que mostra-se muito empenhado no progresso do seu invento.
Mantém laços de profunda amizade com Baltasar e Blimunda, que formam o trio que vai pôr em prática o sonho de voar, e com quem, segundo as suas palavras, formam “uma trindade terrestre, o pai, o filho e o espírito Santo (XVI)”. Assim, o trabalho físico e artesanal, de Baltasar, liga-se à capacidade mágica de Blimunda e aos conhecimentos científicos do padre. Acaba por ter de se refugiar em Toledo (Espanha) devido à perseguição da Inquisição, que o acusa de bruxaria, por isso deixa o seu sonho/projecto nas mãos de Baltasar.
A sua obsessão de voar domina-o de tal forma, que ele não se inibe de integrar no seu projecto um casal não abençoado pela Igreja e de aceitar e usufruir das capacidades heréticas de Blimunda (“bruxaria”), que farão a passarola voar. A passarola, símbolo da concretização do sonho de um visionário, funciona de uma forma antagónica ao longo da narrativa: é ela que une Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu, mas também é ela que vai acabar por separá-los.
A sua caracterização é feita predominantemente de forma indirecta.
Blimunda de Jesus
Blimunda de Jesus (19 anos) é "baptizada" de Sete-Luas pelo padre Bartolomeu de Gusmão ("Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, (...) Blimunda, que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem baptizada estava, que o baptismo foi de padre, não alcunha de qualquer um" ).
Conhece Baltasar quando assiste ao auto-de-fé de sua mãe, acusada de feitiçaria. Rapidamente os dois se apaixonam, e este amor puro e verdadeiro foge às normas da época.
Blimunda tem um dom: vê o interior das pessoas, herdou da mãe um "outro saber" e integra-se no projecto da passarola,