Memoria e patrimonio
História Conta-se que em 1959 o clima do bairro de Ipanema era de uma cidade de interior. Ferdy Carneiro convidou alguns amigos para inaugurar um clube em Ubá (MG), durante o feriado de carnaval. A turma de amigos, entre eles Albino Pinheiro, Paulo César Saraceni e J. Rui, presenciou uma manifestação carnavalesca tradicional na cidade, realizada pela famosa Banda Philarmônica Embocadura, que pertencia à família de Ferdy. Era uma banda em que os pseudomúsicos saíam trajados de branco e com chapéu de palha, sendo que nenhum deles tocava instrumento algum. Atrás, vinha uma banda de verdade, que animava o carnaval de Ubá, terra de Ary Barroso. Quando Ferdy e seus amigos voltaram ao Rio, inspirados naquela animada festa que viram em Ubá, decidiram criar a sua própria banda. No carnaval de 1965, ano do 4.º Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, tendo como referência aquela banda de Ubá, Albino Pinheiro, animador cultural e considerado “o prefeito espiritual da cidade do Rio de Janeiro”, por sua animação e carioquice, o designer Ferdy Carneiro, o cartunista Jaguar, futuro criador do jornal Pasquim, e mais alguns amigos fundaram a Banda de Ipanema. Em um bar, Jaguar fez a lista com os nomes dos integrantes: trinta, ao todo. Primeiro carnaval após o golpe militar, quando era proibido juntar mais de 50 pessoas em local público, a Banda de Ipanema conseguiu reunir cerca de 10 mil foliões. Desde o primeiro desfile, a banda exibe uma faixa com um lema – “Yolhesman Crisbeles” – tirado da pregação de um desajustado, que vendia bíblias na Central do Brasil, e que seria a frase que identificaria o verdadeiro anjo do juízo final. Os agentes militares do Exército pensavam que era crítica à ditadura, mas a frase não significava absolutamente nada.
Nascida da combinação de boêmios intelectuais com o espírito dos blocos carnavalescos dos subúrbios, a banda desfila 15 dias antes do carnaval, antecipando a folia carioca. Sempre teve padrinhos e