Memoria e patrimonio
POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, n.3, 1989, p-3-15
Michael Pollak baseá seu texto no trabalho de Maurice Halbwachs em que aborda como os diferentes pontos de referência estruturam a percepção da memória individual e coletiva nacional. Pollak examina as contribuições da história oral na ênfase que ela permite dar às "memórias subterrâneas" que, ao aflorarem em momentos de crise engendrando conflitos e disputas, silenciosamente subvertem a lógica imposta por uma memória oficial coletiva. Como exemplo, o autor analisa a memória de dissidentes soviéticos como Nikita Kruschev, de prisioneiros de campos de concentração e de trabalhadores forçados da Alsácia a fim de explorar os limites entre o "esquecido" e o "não dito", além do trabalho de "configuração" da memória.
Pollak chama atenção para a importância dos ditos e dos não-ditos para a construção de uma memória, seja ela coletiva ou individual. Além, é claro, de ressaltar a importância de rastros significativos que uma pessoa, um grupo ou uma nação vai deixando em suas experiências de vida e que se tornam pontos de referência para qualquer estudo histórico. Principalmente quando os rastros, muitas vezes esquecidos ou ignorados, revelam interpretações distintas da oficial ou mesmo da que se acostuma ouvir afinal, os fatos sociais não são simplesmente “coisas” observáveis, como queria Dürkheim, mas são fenômenos que abrigam uma dinâmica dificilmente matematizável, isto é, facilmente interpretada pelo viés positivista. Pelo contrário, é um processo que demanda o trabalho árduo de interpretação dos mundos existentes e dos submundos, dos subterfúgios, dos esquecimentos, das mentiras, das meio-verdades, dos silêncios, das angústias e dos prazeres. Na verdade as ciências da memória corroboram com uma semiologia desses rastros visíveis e uma psicoanálise dos invisíveis. Dentre os rastros visíveis, os monumentos são talvez os mais duradouros e que