memmi

Albert Memmi nasceu em Tunis, capital da Tunisia, e lá esteve em campo de trabalho forçado na segunda guerra mundial, em 1943, quando também foi expulso da universidade de Argel por ser judeu. Após a independência de sue país migrou para a França, onde se naturalizou francês.
Por ter sido um judeu que cresceu em território predominantemente muçulmano e colonizado desde 1881, sentiu como era estar em um espaço que havia essa distinção e também ter sofrido com a questão da alteridade, o “Retrato do Colonizados precedido pelo Retrato do Colonizado” é uma exposição da experiência de reconhecer-se como colonizado, além da questão religiosa que também está embutida na sua história. Lembrar do colonialismo da África – da Tunisia, mais precisamente, na África do Norte, que passou a ser um protetorado francês em 1881 e adquiriu a independência em 20 de Março de 1956. Pode-se dizer, assim como Sartre no prefácio, na medida em que lhe é negado “seu lugar”, Albert Memmi viveu da sua particularidade e superando-a na direção universal (prefacio Sartre p. 26).
No tópico (ou capítulo) “situação do colonizado”, Albert Memmi diz como é ser um colonizado, evidenciando o quanto é perdido no indivíduo dominado, a respeito da interferência no seu comportamento, da falta de liberdade e iniciativa que o faz perder a esperança e se tornar um oprimido, humilhado. Para si próprio e para o outro, digo o colonizador, o que está sob poder de um Estado opressor que não lhe garante a liberdade de escolha de sua religião, cultura, língua e até de sua memória, está fadado a não desfrutar de nenhum atributo da nacionalidade, o que o faz tornar-se um homem sem cidadania e uma sociedade mumificada. O homem que se acomoda e se petrifica com o tempo, passa a ficar na defensiva, se ajustando aos valores tradicionais, os do colonizador.
Os valores passados aos colonizados são uma espécie de fôrma, que vai modelando uma vida que lhe é dada. Um fôrma tentadora que se impõe a ele, mas que não é a dele.