Marília de dirceu
Fundação Biblioteca Nacional Departamento Nacional do Livro
DIRCEU DE MARÍLIA Joaquim Norberto de Souza e Silva
DIRCEU DE MARÍLIA Joaquim Norberto de Souza e Silva
DIRCEU DE MARÍLIA LIRAS Atribuídas a Senhora DMJD de S (Natural de Vila Rica)
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Não ouço as tuas vozes magoadas, Com ardentes suspiros Às vezes mal formadas: Mas vejo, ó cara, as tuas letras belas, Uma por uma beijo, E choro então sobre elas Marília de Dirceu
3 SOBRE AS PRESENTES LIRAS
Não serei eu que afirmarei ou negarei a autenticidade da presente coleção de Liras extraídas de uma cópia que se me afirma ter sido tirada de manuscritos autênticos, cuja ortografia não pude conservar que não mo permitiu a brevidade do tempo que tinha a dispor. Apócrifas ou originais, completam elas a história dos amores e saudades desses amantes desgraçados que a poesia começou por celebrar e que os homens acabaram por imortalizar; os nomes de Marília e Dirceu se tornaram populares em todo o Brasil, e hoje retumbam pela Europa e América, e um dia se unirão aos de Hero e Leandro, Safo e Faon, Heloísa e Abelardo, Inês e Pedro, Laura e Petrarca, e então serão populares em todo o mundo. Parece que foram elas escritas em Vila Rica e enviadas pela maior parte à cadeia pública do Rio de Janeiro; ao menos assim se depreende de sua leitura e ainda mais dos versos do poeta que vão em testa deste opúsculo como epígrafe; repetem muitas dentre elas os pensamentos de Tomás Antonio Gonzaga; indicam outras ser compostas em resposta às do distinto poeta ou ter motivado a muitas das suas; verdade é, porém, que não se distinguem nelas aquela simplicidade, dote da natureza, que não há imitá-la; contudo não deixará o Dirceu de Marília de interessar àqueles que têm sabido apreciar a admirável e nunca imitada Marília de Dirceu. A autora, ou quem quer que seja, não só procurou variedade nos pensamentos, como nos metros, e são todos eles, segundo noto, os que estavam em uso em fins do século passado. Seguiu o