Marilia de dirceu
RESUMO
Na primeira parte de Marília de Dirceu somos apresentados à Marília e ao pastor Dirceu, responsável pela voz do poema que descreve todo o seu sentimento pela jovem. Ambos são pastores de ovelhas em uma região não definida pelo autor. Nessa primeira parte, escrita antes da prisão do autor, nota-se uma preocupação intensa em louvar a beleza da amada. Outro objetivo do eu lírico nesse trecho parece ser o de se colocar à altura dela, fato que fica claro pela afirmação de uma posição social nas primeiras liras.
Além disso, Dirceu apresenta frequentemente seus planos em relação ao futuro com Marília. O eu lírico deseja uma vida bucólica e serena, com filhos, em um ambiente campestre fortemente marcado pela presença da natureza.
Já na segunda parte, elaborada na prisão, local para o qual o autor e o eu-lírico se deslocam, e na terceira, predomina o tom solitário e pessimista. Dirceu repete sua tristeza e saudade de Marília, sem o otimismo e o louvor à natureza presente no trecho inicial.
ANÁLISE
Marília de Dirceu é um longo poema narrativo, composto por duas partes de cerca de trinta liras, termo utilizado para denominar os poemas que compõem a obra, e uma terceira que mescla liras, sonetos e odes. Seu enredo é profundamente relacionado à biografia do autor, Tomás Antônio Gonzaga. A protagonista da obra lírica teria sido inspirada em Maria Doroteia Joaquina de Seixas, uma jovem moradora da região de Vila Rica. A área foi palco da inconfidência mineira, evento no qual o autor esteve envolvido e que lhe rendeu um tempo preso.
Por se tratar de uma obra identificada com o Arcadismo, o eu lírico, embora profundamente identificado com o autor, assume o papel de um camponês pastor de ovelhas, assim como sua amada. No livro, são evocados frequentemente elementos identificados com a vida no campo, estratégia inspirada na tradição Greco-latina.
O vínculo com a literatura árcade também faz com que a obra apresente profunda preocupação formal