Maria E Patuleia
Vivia-se assim um ambiente de contestação com o aparecimento de novas exigências fiscais, o recenseamento da propriedade e a criação de matrizes prediais, as tais papeletas da ladroeira, para apuramento do imposto e um maior rigor no recrutamento militar.
Neste ambiente, a aplicação da Lei da Saúde de 1845 - que proibia os enterramentos nas igrejas - foi recebida pela população rural como uma verdadeira afronta. Com esta nova regulamentação, o povo tinha de alterar a tradição arreigada cristã de enterrar os falecidos nas igrejas, esperar o certificado de óbito e, ainda, pagar as despesas do funeral. A contestação à “Lei da Saúde”, começou numa aldeia do Minho, quando um grupo de camponesas se recusou a cumprir a Lei e obrigou um pároco a sepultar um cadáver, de uma mulher, na igreja. Quando as autoridades compareceram para fazer cumprir a lei, movendo o corpo para o cemitério, juntaram-se as mulheres da aldeia de entre as quais se destacou uma, Maria, conhecida por Maria da Fonte, por ser natural de Fontarcada, que afugentou os funcionários, que não tiveram outro remédio senão fugir para salvar a sua vida. Em poucas semanas, a revolta propagou-se por todo o Minho e Trás-os-Montes e mais tarde pelas Beiras e Estremadura, ganhando progressivamente um carácter político através da organização de juntas revolucionárias que assumiam o poder localmente e recusavam obediência