MARGINALIDADE SOCIAL E EXCLUSÃO

PPGI – IUPERJ/UCAM
MARGINALIDADE SOCIAL E EXCLUSÃO

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação e identidade deteriorada. Cap. IV - O Eu e seu outro

Neste capítulo Goffman analisa o modo com que a pessoa estigmatizada reage à situação em que se encontra. Uma primeira ressalva é de que as contingências pessoais dos estigmatizados na interação face-a-face são só uma parte do problema. O lugar do grupo na estrutura social deve ser compreendido por meio de referências à história, ao desenvolvimento político e às estratégias correntes do grupo. A normas e padrões sociais cujas expectativas são compartilhadas pelos normais e estigmatizados de modo muito semelhante. Goffman cita os padrões da sociedade norte-americana de homem ideal para constatar que tal arquétipo, se levado ao pé da letra, faz com que praticamente indivíduo, em algum aspecto, se veja e algum momento como estigmatizado1. Os valores de identidade gerais de uma sociedade, para Goffman, podem não estar firmemente estabelecidos em lugar algum e ainda assim podem projetar algo sobre os encontros que se produzem em todo lugar. Goffman mostra que a manipulação do estigma é um processo comum na sociedade. As mesmas características estão implícitas quer esteja em questão uma diferença importante do tipo tradicionalmente definido como estigmático, quer uma diferença insignificante, da qual a pessoa envergonhada tem vergonha de se envergonhar.
O estigmatizado e o normal têm a mesma caracterização mental e podem desempenhar os papéis de forma ambivalente. O indivíduo anormal – mesmo em termos de saúde psíquica – é capaz de ter preocupações e utilizar estratégias normais para esconder suas anomalias de outras pessoas. Para Hoffman, são os chamados “desviantes normais”. Há, assim, uma unidade eu-outro, normal-estigmatizado, em que os sujeitos podem ocupar ambos os papéis e/ou saber se colocar no lugar do outro. A sensibilidade ao papel do outro deve ser suficiente para que