Mar adentro
Alejandro Amenábar Mar Adentro, é um filme baseado em uma história verídica. Retrata a vida de Ramón Sampedro que aos 26 anos, num mergulho ao mar, fica tetraplégico. Após o acidente é obrigado a viver contra sua vontade, paralisado em uma cama, dependendo da ajuda de sua família. Anos depois, ele consegue uma advogada chamada Julia, disposta a ajudá-lo a legalizar a eutanásia e finalmente morrer com dignidade. Desde o acidente, com a dependência dos outro para tudo, tenta fugir desse mundo se imaginando de uma outra forma que não seja naquela situação, sonha que pode voar e ir a praia onde não frequenta agora. De seu passado livre e vívido restaram apenas lembranças que vão ficando para traz. Esse tempo foi suficiente para pensar em tudo e decidir a morte, o que muitos reprovam porque é inimaginável que um homem inteligente, lucido, sedutor queira cometer tamanha atrocidade. Por causa de sua doença a advogada Julia se solidariza com a causa de Ramón. Logo se encanta com o sorriso do mesmo, em meio a isso ela pergunta o porque disso, ele diz: "Aprendi a chorar com sorrisos". Logo também chega Rosa, que ao vê-lo na TV A história é real, com algumas pinceladas de ficção. Mais uma vez a morte é trazida como tema, porém, dessa vez ela vem mais ambiciosa. Dono da vida, o ser humano deve ser também, dentro de determinadas circunstâncias e segundo certos limites, o dono da sua própria morte. Não há nenhuma censura (reprovação) ética ou jurídica na chamada "morte digna", que é a morte desejada por quem já não tem mais possibilidade de vida e que, em estado terminal, está sofrendo muito. A morte nessas circunstâncias, rodeada de vários cuidados (para que não haja abuso nunca), não se apresenta como uma morte arbitrária, ou seja, não gera um resultado jurídico desvalioso, ao contrário, é uma morte "digna", constitucionalmente incensurável. Nas palavras de Luiz Flávio Gomes: