Maquiavel
Todos os Príncipe s devem preferir ser considerados clementes, e não cruéis. Porém deve se saber usar essa clemência. Quando o objetivo é manter o povo unido e leal, o Príncipenão deve se importar em ser tido por cruel; os Príncipe s novos no poder não podem fugir da reputação de cruel, pois estes estados são os mais perigosos.
Seria bom que o Príncipe fosse ao mesmo tempo amada e temido, mas como essa junção é difícil, é preferível que seja temido. Temido de forma que, se não é possível conseguir o amor de seus súditos, se evite o ódio; o que é conseguido não atentando contra as mulheres e os bens dos súditos e cidadãos. Se for necessário que o Príncipe decrete a execução alguém, que este dê um bom motivo.
"Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha."
Quando o Príncipe está à frente do exército deve manter a fama de cruel, ou caso o contrario, o monarca não conseguirá comandar com êxito.
O amar vem de acordo com cada homem, mas o temor lhes é imposto; sendo assim oPríncipe deve fazer o uso do que lhe tem nas mãos, e não no que depende da vontade alheia. _____________________________________________________________________________________Continuando na apresentação das qualidades mencionadas, digo que cada príncipe deve preferir ser reputado piedoso e não cruel; a despeito disso, deve cuidar de empregar adequadamente essa piedade. César Bórgia , embora tido como cruel, conseguiu, com sua crueldade, reerguer a Romanha, unificá-la e guiá-la à paz e à fé. O que, bem analisado, demonstrará que ele foi mais piedoso do que o povo florentino, o qual, para fugir à fama de cruel, permitiu a destruição de Pistóia. Ao príncipe, assim, não deve importar a pecha de cruel