Maquiavel
Diante de uma Itália fragmentada, sujeita às invasões externas, em um momento em que a corrupção se alastra e ameaça a nação de deterioração, Maquiavel entende que se faz necessário um governo forte, que crie e mantenha instrumentos de poder para inibir as forças desagregadoras, alguém capaz de reunificar e regenerar a nação, se faz necessário, então, o surgimento de um homem virtuoso, capaz de fundar um Estado. Um príncipe de virtù.
É neste contexto, em 1513, que Maquiavel escreve O Príncipe, obra polêmica e revolucionária para sua época. Destinada, a princípio, ao príncipe da família Medici, tinha por principal objetivo a unificação dos principados italianos na figura de um único governante.
[...]agora, quase sem vida, a Itália espera por quem lhe possa curar as feridas e ponha fim à pilhagem na Lombardia, à rapacidade e a extorsão no reino de Nápoles e na Toscana, curando-a das chagas abertas há tanto tempo [...] Não se vê, neste momento, em quem mais ter esperança de que se ponha a frente de sua redenção senão ilustre família Medici, exaltada pelo poder e pela sorte, favorecida por Deus e pela igreja, que atualmente governa. (Maquiavel, 2007, p.153) Quase que como em forma de “receitas”, se encontram em suas páginas diversas orientações que o governante deveria seguir para elevar o seu poder, expandir seus territórios e, consequentemente, atingir a formação do Estado. Agindo por meio de variadas qualidades, definidas pelo autor da obra como virtùs, se utilizando sabiamente das oportunidades, ou seja, das ocasiones, e se precavendo contra as incertezas do destino, a fortuna.
Desde a sua origem, até os dias atuais, a obra de Maquiavel adquiriu crescente valor em variadas áreas de estudo, a linha de pensamento defendida pelo autor influenciou por séculos, direta e indiretamente, o modo de pensar a ciência política.
Entretanto, um olhar mais “descuidado” sobre a obra O Príncipe, pode levar o leitor a uma interpretação exagerada e nem sempre