Maquiavel
A vinculação da política à religião
Dois amores construíram duas cidades: o amor de si levado até ao desprezo de Deus edificou a cidade terrestre, civitas terrena; o amor de Deus levado atéao desprezo de si próprio ergueu a cidade celeste; uma rende glória a si, a outra ao Senhor; uma busca uma glória vinda dos homens; para a outra, Deus, testemunha da Consciência, é a maior glória.
(Santo Agostinho)
Para um pensador da Idade Média, o Estado está para a Igreja como a filosofia para a teologia e a natureza para a graça. (Etienne Gilson)
1. Introdução A Idade Média abarca um período tão extenso que é difícil caracterizá -la sem incorrer no risco da simplificação. Afinal,são mil anos (de 416 a 1455), entre a queda do Império Romano do Ocidente e a tomada de Constantinopla pelos turcos.A Alta Idade Média, período que se sucedeu à queda do Império, é caracterizada por um esta do de desagregação da antiga ordem e pela divisão do Império em diversos reinos bárbaros.O desejo de unidade de poder, de restauração da antiga unidade perdida, se expressa na difusão do cristianismo que representa, na Idade Média, o ideal de Estado universal. Desde o final do Império Romano, quando o cristianismo se tornara a religião oficial (ano 313), estabelece-se a ligação entre Estado e Igreja, pois esta legitima o poder do Estado, atribuindo-lhe uma origem divina.Após a formação dos reinos bárbaros, essa relação é retomada no reino franco por Clóvis e Pepino. No ano 800, Carlos Magno restaura de certa forma a unidade do poder secular com a fundação do Império do Ocidente. Ao ser pomposamente sagrado imperador pelo papa Leão III, reforça ainda mais a aliança entre política e religião.Tempos difíceis se sucederam à desagregação do Sacro Império Romano -Germânico, e a partir do século XI se estabelece a nova ordem feudal. Tempos difíceis se sucederam à desagregação do Sacro Império Romano-Germânico, e a partir do século XI se estabelece a nova ordem feudal.