Maior idade penal
Há duas décadas o Brasil estava dando um acertado passo em proteger suas crianças e adolescentes da exploração econômica, no sentido de erradicar o trabalho infanto-juvenil, muito comum entre as populações mais carentes.
Muitas famílias são vistas como carentes pela desassistência do Estado Brasileiro, que durante séculos foi sendo apoderado das velhas oligarquias, que “modernizaram” o país, mas não mudaram as estruturas de poder.
O trabalho infantil ainda persiste, são milhões de crianças e adolescentes que se prostituem, queimam carvão em olarias clandestinas, vendem bugigangas em semáforos, tomam conta de carros, realizam trabalho doméstico, quebram pedras e cocos e se envolvem com o narcotráfico. E todos são frutos da carência (não diria material, mas espiritual) das elites brasileiras em não reconhecerem de fato o grande monstro que eles mesmo ciaram.
Nos noticiários estamos assistindo o esforço dos “tucanos”, comandados pelo atual governador do estado de São Paulo, o mais rico e industrializado, em reduzir a maior idade penal brasileira.
Não estou querendo negar que a violência está crescendo, mas admitir tal discurso elitista, que coloca o filho do pobre como problema principal, que agora está vitimando a classe média, a classe consumidora, que gera empregos, não deveras ser correto.
Pegam o exemplo de países como os Estados Unidos que trata crianças como adultos na hora do julgamento, mas a elite aqui parece esquecer que naquele país há um verdadeiro sistema correcional, não é um depósito de jovens como aqui no Brasil, que ao entrarem nas cadeias ou nas “casas de correção” são abandonadas, estão em áreas superlotadas, entregues a violência e ao consumo interno de drogas, que são aliciadas por chefes de gangues.
Mudar realmente seria dar aos jovens brasileiros melhor instrução, capacidade de atuação no mercado de trabalho, ter uma vida produtiva, perceber que é um ser humano, e por isso tem direitos e obrigações. Mas