Lúcio Cardoso não é regionalista

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Se para autores da década de 30 como: Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz e José Lins do Rego se reservou o rótulo de regionalistas, para outros escritores do mesmo período (essencialmente Cyro dos Anjos e Lúcio Cardoso) o paradigma não serviu, de maneira que foram deixados a margem da “geração de 30”. Podados desse agrupamento de autores, Cyro dos Anjos e Lúcio Cardoso foram depositados ao grupo das exceções, ou seja, aqueles autores que nunca ou quase nunca são citados, em virtude de sua existência desmentir o rótulo.
Entrementes, não há quem não tenha tentado agrupar forçosamente autores divergentes em paradigmas redutores. É o caso, por exemplo, de Lúcio Cardoso, objeto de estudo – juntamente com sua magnum opus Crônica da Casa Assassinada – deste ensaio. Mineiro, radicado no Rio de Janeiro, Lúcio Cardoso foi, além de romancista, poeta, dramaturgo, tradutor e artista plástico. Oriundo de família tradicional mineira, os pormenores da tradição familiar não deixaram de perpassar Crônica da Casa Assassinada, obra que ao longo dos anos vem sofrendo o doloroso “estica e encaixa” (interpretação da obra com o intento único e exclusivo de encaixá-la, de alguma forma, ao regionalismo). Mas a tragédia burguesa Crônica da Casa Assassinada não é regionalista.
Como diz Alfredo Bosi na edição crítica de Crônica da Casa Assassinada, a literatura brasileira é pensada como “documentos ou retratos fortemente coloridos dos respectivos contextos geográficos e étnicos” (1991, p. XXI), pensamento que não se encaixa no romance de viés psicológico e subjetivo de Lúcio Cardoso. A Crônica da Casa Assinada, como diz Bosi, “desmente [...] o estereótipo que se foi construindo em torno de um romance brasileiro ainda naturalista e centrado nos aspectos considerados pitorescos da vida nos trópicos” (1991, p. XXI). Crônica da Casa Assinada é, portanto, marginal a este paradigma naturalista, de contextos geográficos. A obra caminha muito mais pelo campo do realismo psicológico, através da

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