modernismo
Entre inovação e tradição
Maria Arminda do Nascimento Arruda
O enraizamento das propostas modernistas no Brasil é, como se sabe, fenômeno característico dos anos de 1930, momento no qual se legitimou a nova gramática das obras e dos estilos, forjada, especialmente, no interior da geração vanguardista de São Paulo no decênio de 1920 (cf. Candido, 2000, pp. 181-198). Os desdobramentos ocorridos ultrapassam os significados usuais que transformações desse vulto provocam no universo da cultura, uma vez que, muito embora o modernismo tenha sido na origem um fenômeno tipicamente de São Paulo, e mesmo do Rio de Janeiro, a fixação dos princípios vanguardistas só se realizou integralmente com a incorporação de outras regiões. As metrópoles são sempre os locais tradicionalmente de respiração das mudanças, no entanto, no âmbito da literatura, gênero mais enobrecido da cultura brasileira até então, as inovações do período fizeram-se sob o compasso de princípios diversos, embora também originais.
À semelhança do ocorrido na Europa, quando as novidades atingiram a sua radicalidade nos contextos mais resistentes ao estilo moderno de vida, “no Brasil aconteceu coisa parecida e, descontada a Semana de Arte
Moderna e suas consequências, foi de fora da metrópole Rio-São Paulo que chegou o novo. Do Nordeste, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, mesmo que em muitos casos a novidade viesse disfarçada de regionalismo”
(L. F. Veríssimo, 2000, p. 21). Malgrado a presença de certo exagero no trecho acima reproduzido, pois o modernismo como um movimento amplo
Modernismo e regionalismo no Brasil: entre inovação e tradição, pp. 191-212
aconteceu, primeiramente, nas duas capitais, o autor – que está focalizando apenas a produção literária – quer enfatizar a importância dos escritores e intelectuais da década de 1930 na fixação dos rumos da cultura no país.
Com essa afirmação, acaba por construir um problema para a reflexão,