Édipo rei
O romantismo no Brasil encontrou no "mito do bom selvagem" uma maneira de enaltecer a cultura nacional. A produção com temática indígena ficou conhecida como "romance indianista".
Como contraposição ao português, nosso conquistador e colonizador, ou mesmo ao europeu, e devidamente distanciado do negro escravo, também "estrangeiro", o índio tornou-se o símbolo do homem brasileiro, de sua origem e originalidade, de seu caráter independente, puro (de "bom selvagem"), bravo e honrado.
Ressalve-se, porém, que esse índio é compreendido através da óptica idealizadora do romantismo e está longe de corresponder a uma aproximação da realidade do índio brasileiro. Simboliza, antes, os ideais de heroísmo e humanidade das camadas cultas de nossa sociedade imperial.
No Romantismo europeu, esse papel foi exercido pela figura do cavaleiro medieval, personagem histórica da época de origem e formação das nações europeias, que desempenhou o papel de herói em obras como "Ivanhoé", do escritor escocês Walter Scott, ou "Eurico, o presbítero", do português Alexandre Herculano.
Todo dia era dia de índio
Substancialmente, o Indianismo está presente em nossas obras literárias românticas, enquanto idealização e valorização do índio, e também enquanto registro ou invenção imaginária de seu modo de vida, costumes e crenças, bem como de sua linguagem. Na época, tiveram impulso os estudos da língua tupi antiga, cujos vocábulos foram a partir de então aos poucos integrando a linguagem culta do Português escrito no Brasil.
Os exemplos mais evidentes e significativos desse Indianismo podem ser encontrados na poesia de Gonçalves Dias e na prosa de José de Alencar, com destaque na obra deste último para "O Guarani", "Ubirajara" e "Iracema". Mais discretamente, porém, e bem antes de Alencar, o Indianismo romântico não deixa de se manifestar nos capítulos 9 e 10, de "A Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, em que se conta o amor do casal indígena formado por Ahy