Língua de Eulália
-Rotacização do L nos encontros consonantais-
O curso intensivo se inicia logo no dia seguinte, na ‘’escolinha’', que era o nome carinhoso dado por Irene ao seu cômodo utilizado para tais aulas. As cadeiras eram postas em forma de semicírculo, porque segundo Irene gosta de deixar bem claro que lá é um locou de troca de experiências onde ela não é a única que tem algo a ensinar e Emília se empolga com isto ao dizer que também concorda com uma pedagogia democrática.
Irene sempre inicia suas aulas apontando que temos sempre algo de interessante para aprendermos com outras pessoas e ao ser questionada por Vera, que diz: “e o que se pode aprender com sua empregada, já que a mesma é analfabeta.” Irene diz que não há somente um tipo de conhecimento, mas vários, e mostra então um livro com coisas que aprendeu com seus alunos e que não se ensinam em livros ou escolas.
Então é iniciada a aula, abordando o deboche utilizado contra os falantes que fogem das regras do PP (Português Padrão). Debatendo sobre o assunto e usando exemplos cotidianos, Irene mostra para as meninas que não tem o “certo” e o “errado” quando se trata do assunto, mostrando até conteúdos históricos que comprovam sua afirmação, como por exemplo, o fato de certas palavras utilizarem o L em latim e o mesmo L ter se mantido no francês e espanhol, mas ao chegar ao português se transforma em R, explicando assim a Rotacização do L, que é uma natural inclinação da língua.
Além disso, podemos perceber e comprovar essa mutação e constante evolução da língua portuguesa ao analisar a gramática de Bechara, onde o mesmo diz que: “A língua portuguesa é a continuação ininterrupta, no tempo e no espaço, do latim levado a Península Ibérica pela a expansão do Império Romano, no início do séc. III a.C., particularmente no processo de romanização dos povos do oeste e noroeste (lusitanos e galaicos).”.
Irene mostra para as meninas que até mesmo autores