Lágrima
A trama gira em torno desse amor não correspondido, no qual Isabel ajuda Cristiano e Rosana escrevendo poemas, colocando todo o seu amor por Cristiano neles. A morte da diretora (não é spoiler, está na sinopse…), porém, aproxima Isabel do amigo de Cristiano, Fernando, que deixa claro que tem uma queda enorme por ela. O mistério da morte da diretora aumenta o clímax da história, já que Isabel sabe que pode ser a próxima vítima, devido ao que viu.
O livro foi lançado em 1985, mas nem por isso acho que a leitura seria obsoleta hoje em dia. Eu li pela primeira vez em 1993, uma época em que não havia romances sobrenaturais estilo vampiros-anjos-fadas-zumbis-[insira aqui outro universo alternativo/sobrenatural], e li tantas vezes que acho que cheguei a decorar o texto (risos). Em algumas partes eu achei que houve excesso de drama, alguns suspiros exagerados, talvez, mas nada que estragasse a história.
O apelo à poesia, citando Fernando Pessoa, é bem presente, mostrando Isabel com seus complexos e conflitos: por um lado, Cristiano nunca olharia para ela, por ser feia e gorda (segundo ela) – e ela não podia/conseguia mudar isso em curto prazo, por outro, ela se sentia feliz por Cristiano admirar seus poemas (porque acredita que foi Rosana quem os escreveu). O ambiente familiar instável – pais divorciados, com a mãe reclamando sem parar, pai querendo “comprar” a felicidade da filha – fortaleciam a solidão de Isabel, fazendo com que ela se fechasse em seu mundo de poesia e enfrentasse seus próprios demônios