DEUS É UMA LÁGRIMA
ROZIVAN FERREIRA DE JESUS2
O ser humano, apesar de ser o único ser dotado de razão, é ao mesmo tempo, o único ser que necessita de um Ser transcendente. Por esse motivo, o homem é o ser-emdesespero pela sua finitude e, por isso, personifica a sua finitude no eterno ser que é infinitamente O Ser.
O homem, talvez por ser racional, é único entre todos os animais que reconhece sua potencialidade e limitação. Nenhum animal desprovido de razão é capaz de reconhecer o que sabe. Já o animal racional é o único que sabe o que sabe e recusa saber o que sabe. Ou seja, é o único capaz de reconhecer suas aspirações e, ao mesmo tempo, suas limitações.
Diante dessa dupla característica, o homem se torna o ser-em-desespero que deseja além do que é, porém, apesar de toda a sua potencialidade, não é capaz de corresponder aos seus anseios, aos seus sonhos, à sua ambição. Por isso, o homem se reconhece, de fato, como um ser finito, incapaz de ir além do aquém.
No entanto, o ser finito externa concretamente, de alguma forma, o desejo de ser infinito, ou seja, ele (o desejo do homem) se materializa na imaterialidade, ou melhor, o homem constrói seu deus a partir das características que ele gostaria de tê-las. Nesse sentido, diz o filósofo Ludwig Feuerbach que “Deus é a projeção exterior do desejo de perfeição do homem”3 ou ainda, “Tu conheces o homem pelo seu deus e, reciprocamente, Deus pelo homem”4.
A existência de um ser Superior é a prova cabal de que o homem é o ser-emdesespero que cria seu deus, que tudo pode, como uma forma de afogar a sua triste sorte de não poder ser o que deseja. Mais uma vez, Feuerbach tem razão ao afirmar que
“Deus é uma lágrima de amor derramado do mais profundo do segredo sobre a miséria humana”5. Contudo, não se pode contemplar o homem como um ser unidimensional, mas a partir de sua multidimensionalidade, ou melhor, o ser humano dever ser visto como um ser racional e espiritual.
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Trabalho elaborado sob a