LUHMANN
Sociedade como sistema Luhmann interpreta a sociedade como um sistema: isto é, ela é observada através da distinção sistema / meio. Sendo assim, cabe inicialmente recorrer aos instrumentos da teoria geral dos sistemas, sobretudo às mudanças paradigmáticas que ocorreram nos anos 70 e 80, em função de novas descobertas nas ciências exatas e biológicas. A teoria geral dos sistemas apresenta-se hoje como teoria de sistemas auto-poiéticos, auto-referenciais e operacionalmente fechados. Mudanças paradigmáticas na teoria geral dos sistemas Como marco inicial dessa mudança paradigmática, considera-se On Self-Organizing Systems and their environment de Heinz von Foerster, publicado em 1960, uma obra ainda fortemente influenciada pela cibernética e pelos conceitos de informação de Shannon. Quase no mesmo tempo, um químico, Ilya Prigogine, que trabalhava em Bruxelas sobre processos da termodinâmica não-linear, formula pela primeira vez o conceito das estruturas dissipativas: descrevendo processos de auto-organização longe do equilíbrio termodinâmico, usando energia, e produzindo entropia. Mas a termodinâmica não-linear não ficou restrita aos trabalhos de Prigogine e Glansdorff em Bruxelas. Também na Europa oriental, sobretudo em Berlim (Ebeling), Moscow e Kiew, trabalhavam químicos e físicos com fenômenos da auto-organização - nem sempre bem vistos pela ciência oficial dos antigos regimes socialistas. Também durante os anos 60, um físico alemão, Hermann Haken, usou o conceito de auto-organização para elaborar uma teoria sobre o laser. Essa teoria, em seguida mais aprofundada, ficou conhecida como sinergética, e logo foi ampliada para outros processos de formação espontânea de ordem na física, química ou biologia. Manfred Eigen, um biólogo cujo interesse de pesquisa era uma teoria da seleção no nível molecular, publicou em 1971 Molecular self-organization of matter and the evolution of biological macromolecules, onde interpreta a origem da vida e a evolução