LUHMANN e a TEORIA DOS SISTEMAS
Luhmann, em sua teoria dos sistemas (Systemtheorie), concebe a sociedade humana como um sistema e o seu funcionamento na relação sistema – meio poderá ser considerado o equivalente à racionalidade material weberiana, hegemônica no pensamento de Weber. Entretanto, a racionalidade sistêmica (Systemrationalität) luhmanniana não é hegemônica, mas defensiva, que pretende acolher e neutralizar as ameaças provenientes do meio ambiente. Aí ela perde o caráter de normatividade, tornando-se contingencial. Esta redefinição implica o abandono da concepção organicista de uma relação parte – todo, cuja centralidade era a pessoa humana. Ou seja, Luhmann pratica uma desantropomorfização da noção de organismo, colocando o ser humano como parte constituinte do ambiente do sistema, fonte geradora permanente de problemas complexos.
O aumento da complexidade do meio (não há a relação linear, nem causal-transitiva) é a manifestação da constante evolução, que se expressa na relação sistema – comunicação. Por isso, Luhmann considera: 1) a comunicação como o dispositivo fundamental da dinâmica evolutiva dos sistemas sociais; e, 2) a evolução do dispositivo comunicacional (os media simbolicamente generalizados) tem seus referentes nos agregados coletivos de caráter funcional e sistêmico (e não o ser humano – o indivíduo, o sujeito). Nesta perspectiva, a comunicação (informação, mensagem e compreensão) possibilita a regularização da vida social na organização sistêmica e cria as condições de estabilização. À luz desta concepção, a comunicação é um processo seletivo na sua origem e no desencadeamento de seqüências seletivas, na perseguição da redução da complexidade. A comunicação é o dispositivo que “normaliza” as relações sistema – meio.
Entretanto, Luhmann defende a tese da improbabilidade da comunicação, porque: 1) “É improvável que alguém compreenda o que o outro quer dizer, tendo em conta o isolamento e a individualização de sua consciência. O