Londres e Paris no século XIX
BRESCIANI, Maria Stella M. Londres e Paris no século XIX: O espetáculo da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 1987.
O estudo da multidão e a aproximação do real para seus romances parece ser o grande desafio dos escritores do século XIX, figuras marcantes como Zola, Vitor Hugo, Baudelaire, Dickens e Alan Poe, trazem em seus livros uma grande preocupação em colocar uma visão bastante realista dos problemas e dificuldades da vida cotidiana francesa e inglesa; fruto dessa análise, encontramos diversos livros que retratam com bastante exatidão o que se passava nessas duas das mais importantes capitais do mundo, Londres e Paris.
A multidão é um dos “acontecimentos” mais interessantes do século XIX nessas duas capitais do velho mundo, a organização e o poder sutilmente destilado da mão do estado são a chave para o entendimento dessa multidão que sob a luz do dia é composta por diversas pessoas indo ao trabalho, seja em passo lento, seja em passo mais apressado e muitas outras desempregadas, marginalizadas e que constituem a chamada pobreza. Na noite, se concentram os criminosos, as prostitutas e os boêmios, como disse Janin: “A Paris da noite é assustadora; é o momento em que a nação noturna se põe em marcha”; ladrões e prostitutas vivem em becos e atrás de museus e palácios, tudo com o consentimento, ou pelo menos a complacência do poder.
Com relação à multidão londrina, Alan Poe observa com muita propriedade as características marcantes de cada grupo de pessoas; muitos parecem pessoas certamente atarefadas e que parecem simplesmente com a intenção de abrir caminho por entre as outras; outra classe que era mais numerosa se mostrava inquietos com seus próprios movimentos. Poe observa ainda a “tribo” dos escreventes, que se diferem além do modo de andar, também pelas roupas, onde a classe de nível mais baixo fazia uso dos “restos” da classe mais alta em relação ao vestuário. A classe dos batedores de carteira também não pode ser